terça-feira, 17 de abril de 2012

Monstrinho

Monstrinho.
Ele apareceu repentinamente no meio da rua e quase foi atropelado; quando ela freou, ele entrou debaixo do carro e o lugar mais quentinho que sentiu foi próximo ao tubo de escape que, aliás, é muito parecido com o colo da mãe dele.
A motorista voltou para casa com aquela coisinha peluda e choramingona na concha das mãos, entregou o bichinho para mim e voltou correndo para o hospital onde faz residência. A partir daí a história toma outros rumos: Escolha de um nome. Como não foi fornecido o pedigree amarradinho no pescoço, sugeri temporariamente o belo nome de Genérico. Em seguida, cardápio provisório de tigelas de leite e consulta ao veterinário o que nos forneceu a idade aproximada de 40 dias. Vacinado e esperto já corre atrás de gente por quem tem muita afinidade. Agora o nome é Tião porque é nome genérico de Canis  sp. (Lineu 1600...) mas, a Margot  insiste em chamá-lo de Duque que é mais nobre. Talvez ela esteja certa, mas, então deveria ser Duke Sebastian, Sir Sebastian, Dom Sebastian. Não, Tião venceu de balaiada.
Nobre ou plebeu ele é um monstrinho devorador de calcanhares, pés de gente ou de móveis, ou qualquer coisa que alivie o stress de dentes nascendo em forma de agulhas. Tião Monstrinho também é carinhoso, gosta de cheirar, lamber e raspar as pernas da gente com as unhas bem afiadas. Para agradar a dona, os visitantes afirmam que ele é de raça!
Já tem quase o quíntuplo do tamanho original, ou melhor, uns quinze quilos de ração e gosta muito de mim, pois, se existe, na outra encarnação eu fui cachorro! Temos muita afinidade à mesa e brincadeiras como roubar minhas meias e sair correndo ou buscar um brinquedo para brincarmos juntos.
Tião me alertou para o meu péssimo estado físico de barrigudo enxugador de ampolas geladas; não consigo correr na velocidade dele, se achar a porta aberta ele racha fora para o pátio ou para rua de onde veio. Bem, parei de escrever para repreendê-lo tentando transar com a almofada onde dorme.
Tião ainda não foi totalmente adotado, há no ar um cheiro de inconfidência no sentido de doá-lo a outra pessoa que goste do jeitão do Tião, pois, seu comportamento natural de caçador, escavador, farejador, não agrada a todos que vivem engaiolados em apartamentos e, viver em espaços restritos, cheio de convenções do bicho gente, não é bom pra bichinho,  criança e nem  pra bichinho cachorro.
Se depender de mim Ele fica, sim.
È, mas há dois meses ele foi embora e agora até os impacientes estão reclamando a falta de graça da casa sem o Tião. Sabará é ali mesmo e um dia desses vou trazê-lo para matar saudades de todos. Adivinhe!
                ...E o Tião voltou...E o Tião voltou...E o Tião voltôôôu!
                ...E ficou...Para tristeza da Gabriela que o havia adotado.